Maria das Dores
Zé Fortuna & Pitangueira
Maria das Dores, mulata bonita
Sofria calada por ter essa cor
Pois ela era o fruto do amor proibido
Da mãe, uma escrava, com o branco feitor
E a linda mulata sentia vergonha
Que seus namorados viessem saber
Que a mãe era preta, por isso fugiu
Deixando a velhinha sozinha a sofrer
E a pobre velhinha saiu a procura
Da filha querida que tanto ela amou
E após muitos anos dali bem distante
No altar se casando a filha encontrou
E quando ela disse ser mãe de Maria
O povo sorrindo não acreditou
Ao ver sua filha dois prantos rolaram
E dentro da igreja sem vida tombou
Maria mentiu que não era filha
Daquela velhinha já morta no chão
O padre responde, se fosse sua mãe
Devia abraçá-la e pedir-lhe perdão
Porque nossas almas são todas branquinhas
E Deus para o céu a todas conduz
E nisto uma pomba de asas tão brancas
Entrou na igreja pousando na cruz
A noiva lembrando as frases do padre
E vendo a pombinha pousada no altar
Pensou ser a alma de sua mãezinha
E ali de joelhos se pôs a chorar
Enquanto dizia, perdão mamãezinha
A branca pombinha em seu ombro pousou
Como se ela fosse a alma da mãe
Que o erro da filha do céu perdoou
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