O Céu
Evandro Camperom
Meu peito range feito tábua frouxa
Flâmula de fibra no varal do vento
Língua em carne viva, seta certeira, sentida
Sede da saliva do sol
Quando me calo não pense que adormeço
Quando adormeço não julgue que desperto
Tenho mil rebanhos de palavras rotas
Que, na boca, acendem o céu
O céu que se cansou do firmamento
E quer tomar banho de mar aqui também
E quer pisar na terra
E quer rolar na relva
Por toda a eternidade
Amém
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