Cachorro Louco
Gil Lucas
Finge que sou teu rebento
E conserva o teu passo ao meu lado
Como um signo sangrento
De um clã, periodicamente ligado
Cingi minha alma com um tento
E conserva em renúncias o nosso legado
Esse poema mesquinho e isento
Nada sabe do teu, ou do meu passado
Que sei do amor
Se em galhos e folhas
Feito beija-flor
Errei tantas escolhas
Que sei da dor
Se vivi numa bolha
Mudando sempre de cor
E bebendo o mundo sem rolha
Mas hoje eu acordei disposto
Não que até aqui tenha sido pouco
Mas, enfim, chegou agosto
O esperado mês do cachorro louco
Ela quer o meu fígado numa bandeja
Por mais triste que isso pareça
Eu dissolvo o órgão em cerveja
Muito antes que isso aconteça
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