Sobre Os Telhados de Lisboa
Marco Aurélio Vasconcellos
Sobre os telhados de Lisboa
Uma canção fala de amor
E eu, pequeno e sonhador
Cismo que tenho dentro d'alma
Toda beleza dessa calma
Que a tempestade me levou
Aqui, o chão, mais além, a imensidão
Aqui, o cais, depois a glória ou nunca mais
A vela aberta, a sina incerta, o infindo mar
Enfim o aceno e o derradeiro navegar
Meu coração hoje é como um fado
E nem todo o azul do mar salgado
Me traz a luz dos olhos teus
Mistério de quem sente o que não sabe
Que todo o oceano cabe
Numa lágrima de adeus
A nave-mestra deixa o cais
Com esse olhar de nunca mais
Que Portugal gravou em mim
Devo partir, içar as velas
Rumar ao porto de outras terras
Singrar o azul do mar sem fim
Navega o amor, o navegante sonhador
Não teme a dor, o Bojador há de cruzar
Porém, na flor, a rubra cor se apagará
E, o que já foi, tempos depois, jamais será
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